segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Influencia da musica na atividade física e ritmo musical no exercício


    Pesquisadores como Anshel e Marisi (1979); Copelan e Franks (1991), Becker e Chambliss e Marsh e Montemayor (1995), Brett e Crowers e Haring e Becker e Chambliss e Marsh e Montemayor (1994), Blumenstein e Bar-Eli e Tenenbaum (1995) estudaram a influência da música no exercício físico, incluindo seu ritmo (lento e/ou rápido) e intensidade (volume alto ou baixo), sendo que os resultados obtidos indicam que a música realmente afeta a performance do indivíduo antes ou durante a prática de atividade física em crianças, adolescentes, adultos e idosos.
    Santos (2008) cita a Martins (2007) quando diz que é interessante ressaltar que não é só a música que causa esta alteração na percepção da dor, o próprio organismo humano trabalha neste aspecto, pois durante o exercício físico o cérebro, a glândula pituitária e outros tecidos produzem uma série de endorfinas que causam euforia e reduzem a sensação de dor. Contudo, esta alteração na percepção da dor é muito mais forte na presença de música com a ação da percepção seletiva do sistema nervoso central.
    Martins (1996) cita Broadbent (1958) e Hernadez-Peon (1961) que já haviam teorizado: que a música tem o “poder de anestesiar” o indivíduo, fazendo com que ele ignore estímulos desagradáveis que o exercício físico pode causar.
    Em exercícios de baixa intensidade, a música pode inibir a sensação de cansaço, tornando o treino mais prazeroso. O pesquisador britânico participou de estudos em 1999 e em 2007 que mostram que esse “desligamento”, chamado de dissociação reduz em 10% a percepção de esforço durante uma corrida da esteira realizada em uma intensidade da até 75% da freqüência cardíaca máxima (ZANOLLI, 2010).
    Conforme ZANOLLI (2010), citando Karageorghis, quando o individuo pratica uma corrida ouvindo musica ele se desconecta perde a noção do tempo, não vê o tempo passar, esse estado é chamado pelos pesquisadores de “Estado de Flutuação”. O individuo vai mais longe nos treinos; sua percepção de esforço diminui em cerca de 10%; o estado de humor muda diminuindo as sensações de cansaço. As músicas que possuem um significado, por exemplo, de “superação” causam transformação da realidade fazendo com que inconscientemente traga a emoção para aquele momento.
    Segundo Radocy e Boyle (1979) algumas músicas podem se relaxantes, outras podem fazer o indivíduo ser sentir mais feliz, outras podem causar frustração, agitação, entre outras manifestações.
    Gilman e Paperte (1958) demonstraram que a música pode baixar o limite da percepção sensorial. Descobriram que a música e os sons rítmicos podem aumentar a visão dos ouvintes até 25%. Ainda que pequenos como o tique-taque de um relógio, as experiências demonstraram que eles serviram para estimular a visão.
    Novamente vemos que a música pode melhorar a performance do indivíduo ao amenizar sensações inerentes de seu organismo, quando submetido ao esforço.
    Valin (2002) afirma que:
    De acordo com Tame (1984), a música pode afetar a energia muscular, elevar ou diminuir os batimentos cardíacos, influenciar na digestão. Csikszentmihalyi (1192) afirma que uma das funções da música é dirigir a atenção do ouvinte para padrões adequados a um determinado estado de ânimo, além de afastar o tédio e a ansiedade. A música nas atividades é utilizada no sentido de motivar a continuidade dos exercícios físicos ou de distrair o praticante de estímulos não prazerosos como cansaço, dor ou até tensão psicológica.
    Além disso, Todres (2007) afirma que:
    Os efeitos da música na redução da dor se explicam pela teoria do portal do controle da dor. A música age como um estímulo em competição com a dor, distrai o paciente e desvia sua atenção da dor, modulando, desta forma, o estímulo doloroso. Estudos de imagem do cérebro mostraram atividade nos contornos auditivos, no córtex auditivo e no sistema límbico em resposta a música. Mostrou-se que a música é capaz de baixar níveis elevados de estresse e que certos tipos de música, tais como a música meditativa ou clássica lenta, reduzem os marcadores neuro-hormonais de estresse.
    Ao pesquisarem, em 1991, os "Efeitos de tipos e intensidades da música de fundo na resistência em esteira rolante", Copeland e Franks chegaram à conclusão que a música lenta e com baixo volume (de 60 a 70 decibels) produz um efeito relaxante durante o esforço físico submáximo, além de aumentar a resistência cardiorrespiratória do indivíduo.
    Eles não conseguiram comprovar que a música rápida e com volume alto (de 75 a 85 decibels) aumenta estímulos psicológicos ou fisiológicos do organismo.
    Já em 1994, Becker, Brett, Chambliss, Crowers, Haring, Marsh e Montemayor analisaram a "Música lenta e rápida antecedendo ou ao decorrer da performance atlética de crianças, adultos e idosos" e deduziram que a distância que tais grupos percorreram na bicicleta ergométrica (utilizada na experiência) foi muito maior quando feita sob o estímulo musical (estímulo anterior ao exercício ou durante o exercício físico) que na ausência da música. Não houve nenhuma diferença significativa entre a música rápida ou lenta afetando a performance física de tais indivíduos. As pesquisadoras sugeriram que a performance física poderia aumentar ainda mais se o tipo de música fosse selecionado de acordo com a idade de cada indivíduo (principalmente entre os idosos).
    Schullian e Schoen (1948) citam Hughes que reconhecendo que a música vigorosa aumenta o grau de pulsação e de respiração, afirmou:
    Ocorre, algumas vezes, que os jovens se esforçam mais - e por um período mais longo - na dança do que nas ocupações mais proveitosas e menos rítmicas. De modo semelhante, tem-se observado que uma banda em marcha faz com que os soldados se esqueçam de sua fadiga, pelo menos por algum tempo, permitindo-lhes marchar com renovado vigor.
    Baseando-se nos resultados de uma pesquisa feita de 2006, conclui-se que a presença da música durante o exercício físico pode contribuir para a melhoria da performance psicofisiológica do indivíduo em alguns dos itens estudados (MARTINS, 1996).
    Em 1979, Anshel e Marisi estudaram o "Efeito da música e ritmo na performance física", averiguando que a resistência física de um indivíduo pode ser aumentada se o movimento exercido for ritmicamente coordenado com um estímulo musical. Por outro lado, se a música utilizada não for sincronizada com o movimento de pedalar (utilizado nesta experiência), o tempo em que o indivíduo consegue manter um trabalho de resistência não é significantemente maior se comparado ao mesmo tipo de trabalho, porém com a ausência de música.
    Schullian e Schoen (1948) citam Soibelman que descobriu que, embora seja a música rítmica um auxilio na atividade, a música não exerce efeito positivo quanto à precisão ou exatidão do movimento, se o ritmo não for adaptado ao ritmo do trabalho.
    Lembramos que há critérios para utilização da Música em atividades físicas. Não é qualquer música que atenderá os objetivos da Educação Física. Para Angelim (2003), em termos emocionais, a Música com vibrações lentas têm efeito relaxante, e as extremamente rápidas têm efeito de intensa estimulação nervosa.
5.     Influencia da musica preferida e não preferida na atividade física
    Desde então, foi visto o efeito positivo da música, mas ela pode ter um efeito negativo também, ouvir uma música dissonante aos ouvidos pode além de causar irritação, fazer com que a percepção seletiva do indivíduo seja voltada para dor e para o cansaço ao invés de estar voltada para a música, já que naquele momento a música está sendo um estímulo desagradável (SANTOS, 2008).
    Se a música estabelece o ritmo do exercício físico, conseqüentemente ela vai influenciar no rendimento do indivíduo, pois quanto mais estimulado pela música ele estiver mais ele tenderá a ter um melhor desempenho, além disso, ele terá sua percepção de dor e cansaço desvinculada, o que o ajudará também a ter um melhor desempenho físico. Tudo isto, é explicado através da teoria da Percepção Seletiva de Broadbent (1958) e a teoria da Atenção Restrita de Hernandez-Peon (1961), ambos citados por Martins (1996), onde estes teóricos afirmam que: “O sistema nervoso pode somente atender a estímulos ambientais limitados a qualquer momento enquanto omite outro estímulo desagradável e extrínseco. Assim, a habilidade de um indivíduo resistir em uma tarefa física baseada em um estímulo auditivo agradável pode ser explicada através do bloqueio de uma transmissão sensorial em um ‘caminho’ para facilitar a transmissão de atividade elétrica em outro ‘caminho’ eferente”.
    Sobre isto Martins (1996) ainda afirma que: “Tem explicado o processo de atenção seletiva pela limitada capacidade de processamento de informações do sistema nervoso central. De acordo com estas explicações, a sugestão de que a percepção do indivíduo de um estímulo auditivo agradável predominaria sobre a atenção individual de outro estímulo menos agradável associado com esforço físico, parece plausível”.
    Em pesquisa realizada por Santos (2008) com o objetivo de mensurar a influencia da musica preferida e não preferida no desempenho e na freqüência cardíaca de praticantes de caminhada obtiveram o seguinte resultado.
    A tabela abaixo mostra à distância percorrida pelos indivíduos, amostra, em metros, sendo possível a mensuração porque os indivíduos caminharam na linha de 40 m X 20m da quadra poli esportiva da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Campus de Jequié.
Tabela 1. Influência da música no desempenho dos indivíduos durante caminhada
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DP: Desvio Padrão

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Figura 1. Influência da música no desempenho dos indivíduos durante caminhada
    Pode-se observar na Figura 1 que a musica influência tanto para melhorar como para piorar o desempenho dos indivíduos, em função do gosto musical de cada pessoa. Quando perguntados por Santos (2008) qual a preferência musical para pratica de atividade física, 50% dos participantes da pesquisa responderam Rock, 30% responderam Axé, 10% responderam Dance e 10% responderam que gostam de fazer atividade física com música, mas não gostam de nenhum estilo musical apresentado.
    Martins (1996) afirma que quando a música deixa de ser um estímulo agradável o sistema nervoso voltará sua atenção para outro estímulo ambiental. Como a sessão de dance foi a menos preferida, isto a poderia ter equiparado a sessão sem música, voltando sua atenção para outros estímulos ambientais, mas o que acontece e que quando a música é dissonante aos ouvidos isto pode causar irritação e desconforto, o que a diferencia da sessão sem música, demonstrando que quando a música não é consonante aos ouvidos, ela vai ser um fator de rendimento negativo maior do que fazer exercícios físicos na ausência de música.
    Desta forma, provando que a música, quando ela é agradável, e tem haver com o gosto pessoal do praticante para a situação especifica, ela é capaz de proporcionar efeitos positivos durante o exercício, mas quando isto não acontece, e a música é desagradável ao ouvinte durante seu exercício físico, ela vai proporcionar alterações fisiológicas negativas. Provando que, é melhor para o desempenho físico não ouvir música durante o exercício físico do que ouvir músicas desagradáveis, mais se a música for agradável vai ser melhor para o rendimento do que não ouvir música.

4.     Conclusão
    A pesquisa realizada demonstra que a música interfere na atividade física de diferentes maneiras e intensidades, ou seja, um estímulo musical pode aumentar ou diminuir a capacidade do individuo de suportar as cargas impostas pela atividade física, dependendo do seu gosto musical.
    A presença da música durante a atividade física pode aumentar a freqüência cardíaca devido ao estímulo ao sistema endócrino, que faz com que o corpo libere muitos hormônios. Como conseqüência disso ocorre o aumento da oxigenação dos tecidos musculares fazendo com que o individuo suporte por mais tempo as cargas impostas, tendo uma fadiga mais tardia. No entanto este fenômeno só é observado quando o ritmo musical é agradável aos ouvidos do indivíduo. Pode-se observar também que a música agradável distrai da dor e cansaço causados pela atividade física.
    Em contra partida quando a música for desagradável aos ouvidos, o individuo terá uma percepção maior da dor e cansaço, assim o estímulo musical influenciará de forma contraria, aumentando a percepção do corpo para respostas negativas do exercício.
    Pode-se concluir então que quando a música for agradável ao gosto musical do individuo será mais um aliado a prática da atividade física, pois irá distraí-lo, principalmente das respostas internas do corpo à atividade física. Já se a música utilizada durante a atividade não for de gosto musical do individuo, será mais um empecilho para a prática da atividade, sendo melhor a ausência da música, pois o individuo terá seu organismo voltado para respostas internas desagradáveis como dor e cansaço.
    Por tudo isso a música, quando agradável, pode também influenciar na performance do individuo, pois o mesmo tem uma percepção de dor e cansaço mais tardia e sua capacidade física aumentada e intensificada."



FONTE: http://www.efdeportes.com/efd167/a-influencia-da-musica-na-atividade-fisica.htm

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